Texto: I
As ciências
A atitude científica
O Sol é menor do que a Terra. Quem
duvidará disso se, diariamente, vemos um pequeno círculo avermelhado percorrer
o céu, indo de leste para oeste?
O Sol se move em torno da Terra,
que permanece imóvel. Quem duvidará disso, se diariamente vemos o Sol nascer,
percorrer o céu e se pôr? A aurora não é o seu começo e o crepúsculo, seu fim?
As cores existem em si mesmas.
Quem duvidará disso,
se passamos a vida vendo rosas vermelhas, amarelas e brancas, o azul do céu, o verde das árvores, o alaranjado da laranja e da tangerina?
se passamos a vida vendo rosas vermelhas, amarelas e brancas, o azul do céu, o verde das árvores, o alaranjado da laranja e da tangerina?
Cada gênero e espécie de animal já
surgiram tais como os conhecemos. Alguém poderia imaginar um peixe tornar-se
réptil ou um pássaro? Para os que são religiosos, os livros sagrados não
ensinam que a divindade criou de uma só vez todos os animais, num só dia?
A família é uma realidade natural
criada pela Natureza para garantir a sobrevivência humana e para atender à
afetividade natural dos humanos, que sentem a necessidade de viver juntos. Quem
duvidará disso, se vemos, no mundo inteiro, no passado e no presente, a família
existindo naturalmente e sendo a célula primeira da sociedade?
A raça é uma realidade natural ou
biológica produzida pela diferença dos climas, da alimentação, da geografia e
da reprodução sexual. Quem duvidará disso, se vemos que os africanos são
negros, os asiáticos são amarelos de olhos puxados, os índios são vermelhos e
os europeus, brancos? Se formos religiosos, saberemos que os negros descendem
de Caim, marcado por Deus, e de Cam, o filho desobediente de Noé.
Certezas como essas formam nossa
vida e o senso comum de nossa sociedade, transmitido de geração em geração, e,
muitas vezes, transformando-se em crença religiosa, em doutrina inquestionável.
A astronomia, porém, demonstra que
o Sol é muitas vezes maior do que a Terra e, desde Copérnico, que é a Terra que
se move em torno dele. A física óptica demonstra que as cores são ondas
luminosas de comprimentos diferentes, obtidas pela refração e reflexão, ou
decomposição, da luz branca. A biologia demonstra que os gêneros e as espécies
de animais se formaram lentamente, no curso de milhões de anos, a partir de
modificações de microorganismos extremamente simples.
Historiadores e antropólogos
mostram que o que entendemos por família (pai, mãe, filhos; esposa, marido,
irmãos) é uma instituição social recentíssima – data do século XV – e própria
da Europa ocidental, não existindo na Antiguidade, nem nas sociedades
africanas, asiáticas e americanas pré-colombianas. Mostram também que não é um
fato natural, mas uma criação sociocultural, exigida por condições históricas
determinadas.
Sociólogos e antropólogos mostram
que a idéia de raça também é recente – data do século XVIII -, sendo usada por
pensadores que procuravam uma explicação para as diferenças físicas e culturais
entre os europeus e os povos conhecidos a partir do século XIV, com as viagens
de Marco Pólo, e do século XV, com as grandes navegações e as descobertas de
continentes ultramarinos.
Ao que parece, há uma grande
diferença entre nossas certezas cotidianas e o conhecimento científico. Como e
por que ela existe?
Características do senso comum
Um breve exame de nossos saberes
cotidianos e do senso comum de nossa sociedade revela que possuem algumas
características que lhes são próprias:
● são subjetivos, isto é, exprimem
sentimentos e opiniões individuais e de grupos, variando de uma pessoa para
outra, ou de um grupo para outro, dependendo das condições em que vivemos.
Assim, por exemplo, se eu for artista, verei a beleza da árvore; se eu for
marceneira, a qualidade da madeira; se estiver passeando sob o Sol, a sombra
para descansar; se for bóia-fria, os frutos que devo colher para ganhar o meu
dia. Se eu for hindu, uma vaca será sagrada para mim; se for dona de um
frigorífico, estarei interessada na qualidade e na quantidade de carne que
poderei vender;
● são qualitativos, isto é, as
coisas são julgadas por nós como grandes ou pequenas, doces ou azedas, pesadas
ou leves, novas ou velhas, belas ou feias, quentes ou frias, úteis ou inúteis,
desejáveis ou indesejáveis, coloridas ou sem cor, com sabor, odor, próximas ou
distantes, etc.;
● são heterogêneos, isto é,
referem-se a fatos que julgamos diferentes, porque os percebemos como diversos
entre si. Por exemplo, um corpo que cai e uma pena que flutua no ar são
acontecimentos diferentes; sonhar com água é diferente de sonhar com uma
escada, etc.;
● são individualizadores por serem
qualitativos e heterogêneos, isto é, cada coisa ou cada fato nos aparece como
um indivíduo ou como um ser autônomo: a seda é macia, a pedra é rugosa, o
algodão é áspero, o mel é doce, o fogo é quente, o mármore é frio, a madeira é
dura, etc.;
● mas também são generalizadores,
pois tendem a reunir numa só opinião ou numa só idéia coisas e fatos julgados
semelhantes: falamos dos animais, das plantas, dos seres humanos, dos astros,
dos gatos, das mulheres, das crianças, das esculturas, das pinturas, das
bebidas, dos remédios, etc.;
● em decorrência das
generalizações, tendem a estabelecer relações de causa e efeito entre as coisas
ou entre os fatos: “onde há fumaça, há fogo”; “quem tudo quer, tudo perde”;
“dize-me com quem andas e te direi quem és”; a posição dos astros determina o
destino das pessoas; mulher menstruada não deve tomar banho frio; ingerir sal
quando se tem tontura é bom para a pressão; mulher assanhada quem ser
estuprada; menino de rua é delinqüente, etc.;
● não se surpreendem e nem se
admiram com a regularidade, constância, repetição e diferença das coisas, mas,
ao contrário, a admiração e o espanto se dirigem para o que é imaginado como
único, extraordinário, maravilhoso ou miraculoso. Justamente por isso, em nossa
sociedade, a propaganda e a moda estão sempre inventando o “extraordinário”, o
“nunca visto”;
● pelo mesmo motivo e não por
compreenderem o que seja investigação científica, tendem a identificá-la com a
magia, considerando que ambas lidam com o misterioso, o oculto, o
incompreensível. Essa imagem da ciência como magia aparece, por exemplo, no
cinema, quando os filmes mostram os laboratórios científicos repletos de
objetos incompreensíveis, com luzes que acendem e apagam, tubos de onde saem
fumaças coloridas, exatamente como são mostradas as cavernas ocultas dos magos.
Essa mesma identificação entre ciência e magia aparece num programa da
televisão brasileira, o Fantástico, que, como o nome indica, mostra aos
telespectadores resultados científicos como se fossem espantosa obra de magia,
assim como exibem magos ocultistas como se fossem cientistas;
● costumam projetar nas coisas ou
no mundo sentimentos de angústia e de medo diante do desconhecido. Assim,
durante a Idade Média, as pessoas viam o demônio em toda a parte e, hoje,
enxergam discos voadores no espaço;
● por serem subjetivos,
generalizadores, expressões de sentimentos de medo e angústia, e de
incompreensão quanto ao trabalho científico, nossas certezas cotidianas e o
senso comum de nossa sociedade ou de nosso grupo social cristalizam-se em
preconceitos com os quais passamos a interpretar toda a realidade que nos cerca
e todos os acontecimentos.
A atitude científica
O que distingue a atitude
científica da atitude costumeira ou do senso comum? Antes de qualquer coisa, a
ciência desconfia da veracidade de nossas certezas, de nossa adesão
imediata às coisas, da ausência de crítica e da falta de curiosidade. Por isso,
ali onde vemos coisas, fatos e acontecimentos, a atitude científica vê problemas
e obstáculos, aparências que precisam ser explicadas e, em certos casos,
afastadas.
Sob quase todos os aspectos,
podemos dizer que o conhecimento científico opõe-se ponto por ponto às
características do senso comum:
● é objetivo, isto é, procura as
estruturas universais e necessárias das coisas investigadas;
● é quantitativo, isto é, busca
medidas, padrões, critérios de comparação e avaliação para coisas que parecem
ser diferentes. Assim, por exemplo, as diferenças de cor são explicadas por
diferenças de um mesmo padrão ou critério de medida, o comprimento das ondas
luminosas; as diferenças de intensidade dos sons, pelo comprimento das ondas
sonoras; as diferenças de tamanho, pelas diferenças de perspectiva e de ângulos
de visão, etc.;
● é homogêneo, isto é, busca as
leis gerais de funcionamento dos fenômenos, que são as mesmas para fatos que
nos parecem diferentes. Por exemplo, a lei universal da gravitação demonstra
que a queda de uma pedra e a flutuação de uma pluma obedecem à mesma lei de
atração e repulsão no interior do campo gravitacional; a estrela da manhã e a
estrela da tarde são o mesmo planeta, Vênus, visto em posições diferentes com
relação ao Sol, em decorrência do movimento da Terra; sonhar com água e com uma
escada é ter o mesmo tipo de sonho, qual seja, a realização dos desejos sexuais
reprimidos, etc.;
● é generalizador, pois reúne
individualidades, percebidas como diferentes, sob as mesmas leis, os mesmos
padrões ou critérios de medida, mostrando que possuem a mesma estrutura. Assim,
por exemplo, a química mostra que a enorme variedade de corpos se reduz a um
número limitado de corpos simples que se combinam de maneiras variadas, de modo
que o número de elementos é infinitamente menor do que a variedade empírica dos
compostos;
● são diferenciadores, pois não
reúnem nem generalizam por semelhanças aparentes, mas distinguem os que parecem
iguais, desde que obedeçam a estruturas diferentes. Lembremos aqui um exemplo
que usamos no capítulo sobre a linguagem, quando mostramos que a palavra queijo
parece ser a mesma coisa que a palavra inglesa cheese e a palavra
francesa fromage, quando, na realidade, são muito diferentes, porque se
referem a estruturas alimentares diferentes;
● só estabelecem relações causais
depois de investigar a natureza ou estrutura do fato estudado e suas relações
com outros semelhantes ou diferentes. Assim, por exemplo, um corpo não cai porque
é pesado, mas o peso de um corpo depende do campo gravitacional onde se
encontra – é por isso que, nas naves espaciais, onde a gravidade é igual a
zero, todos os corpos flutuam, independentemente do peso ou do tamanho;
um corpo tem uma certa cor não porque é colorido, mas porque, dependendo
de sua composição química e física, reflete a luz de uma determinada maneira,
etc.;
● surpreende-se com a
regularidade, a constância, a freqüência, a repetição e a diferença das coisas
e procura mostrar que o maravilhoso, o extraordinário ou o “milagroso” é um
caso particular do que é regular, normal, freqüente. Um eclipse, um terremoto,
um furacão, embora excepcionais, obedecem às leis da física. Procura, assim,
apresentar explicações racionais, claras, simples e verdadeiras para os fatos,
opondo-se ao espetacular, ao mágico e ao fantástico;
● distingue-se da magia. A magia
admite uma participação ou simpatia secreta entre coisas diferentes, que agem
umas sobre as outras por meio de qualidades ocultas e considera o psiquismo
humano uma força capaz de ligar-se a psiquismos superiores (planetários,
astrais, angélicos, demoníacos) para provocar efeitos inesperados nas coisas e
nas pessoas. A atitude científica, ao contrário, opera um desencantamento ou
desenfeitiçamento do mundo, mostrando que nele não agem forças secretas, mas
causas e relações racionais que podem ser conhecidas e que tais conhecimentos
podem ser transmitidos a todos;
● afirma que, pelo conhecimento, o
homem pode libertar-se do medo e das superstições, deixando de projetá-los no
mundo e nos outros;
● procura renovar-se e
modificar-se continuamente, evitando a transformação das teorias em doutrinas,
e destas em preconceitos sociais. O fato científico resulta de um trabalho
paciente e lento de investigação e de pesquisa racional, aberto a mudanças, não
sendo nem um mistério incompreensível nem uma doutrina geral sobre o mundo.
Os fatos ou objetos científicos
não são dados empíricos espontâneos de nossa experiência cotidiana, mas são construídos
pelo trabalho da investigação científica. Esta é um conjunto de atividades
intelectuais, experimentais e técnicas, realizadas com base em métodos
que permitem e garantem:
● separar os elementos subjetivos
e objetivos de um fenômeno;
● construir o fenômeno como um
objeto do conhecimento, controlável, verificável, interpretável e capaz de ser
retificado e corrigido por novas elaborações;
● demonstrar e provar os
resultados obtidos durante a investigação, graças ao rigor das relações
definidas entre os fatos estudados; a demonstração deve ser feita não só para
verificar a validade dos resultados obtidos, mas também para prever
racionalmente novos fatos como efeitos dos já estudados;
● relacionar com outros fatos um
fato isolado, integrando-o numa explicação racional unificada, pois somente
essa integração transforma o fenômeno em objeto científico, isto é, em fato
explicado por uma teoria;
● formular uma teoria geral sobre
o conjunto dos fenômenos observados e dos fatos investigados, isto é, formular
um conjunto sistemático de conceitos que expliquem e interpretem as causas e os
efeitos, as relações de dependência, identidade e diferença entre todos os
objetos que constituem o campo investigado.
Delimitar ou definir os fatos a
investigar, separando-os de outros semelhantes ou diferentes; estabelecer os
procedimentos metodológicos para observação, experimentação e verificação dos
fatos; construir instrumentos técnicos e condições de laboratório específicas para
a pesquisa; elaborar um conjunto sistemático de conceitos que formem a teoria
geral dos fenômenos estudados, que controlem e guiem o andamento da pesquisa,
além de ampliá-la com novas investigações, e permitam a previsão de fatos novos
a partir dos já conhecidos: esses são os pré-requisitos para a constituição de
uma ciência e as exigências da própria ciência.
A ciência distingue-se do senso
comum porque este é uma opinião baseada em hábitos, preconceitos, tradições
cristalizadas, enquanto a primeira baseia-se em pesquisas, investigações
metódicas e sistemáticas e na exigência de que as teorias sejam internamente
coerentes e digam a verdade sobre a realidade. A ciência é conhecimento
que resulta de um trabalho racional.
O que é uma teoria científica?
É um sistema ordenado e coerente
de proposições ou enunciados baseados em um pequeno número de princípios, cuja
finalidade é descrever, explicar e prever do modo mais completo possível um
conjunto de fenômenos, oferecendo suas leis necessárias. A teoria científica
permite que uma multiplicidade empírica de fatos aparentemente muito diferentes
sejam compreendidos como semelhantes e submetidos às mesmas leis; e,
vice-versa, permite compreender por que fatos aparentemente semelhantes são
diferentes e submetidos a leis diferentes.
As três principais concepções de ciência
Historicamente, três têm sido as
principais concepções de ciência ou de ideais de cientificidade: o
racionalista, cujo modelo de objetividade é a matemática; o empirista, que toma
o modelo de objetividade da medicina grega e da história natural do século
XVII; e o construtivista, cujo modelo de objetividade advém da idéia de razão
como conhecimento aproximativo.
A concepção racionalista – que se
estende dos gregos até o final do século XVII – afirma que a ciência é um
conhecimento racional dedutivo e demonstrativo como a matemática, portanto,
capaz de provar a verdade necessária e universal de seus enunciados e
resultados, sem deixar qualquer dúvida possível. Uma ciência é a unidade
sistemática de axiomas, postulados e definições, que determinam a natureza e as
propriedades de seu objeto, e de demonstrações, que provam as relações de
causalidade que regem o objeto investigado.
O objeto científico é uma
representação intelectual universal, necessária e verdadeira das coisas
representadas e corresponde à própria realidade, porque esta é racional e
inteligível em si mesma. As experiências científicas são realizadas apenas para
verificar e confirmar as demonstrações teóricas e não para produzir o conhecimento
do objeto, pois este é conhecido exclusivamente pelo pensamento. O objeto
científico é matemático, porque a realidade possui uma estrutura matemática, ou
como disse Galileu, “o grande livro da Natureza está escrito em caracteres
matemáticos”.
A concepção empirista – que vai da
medicina grega e Aristóteles até o final do século XIX – afirma que a ciência é
uma interpretação dos fatos baseada em observações e experimentos que permitem
estabelecer induções e que, ao serem completadas, oferecem a definição do
objeto, suas propriedades e suas leis de funcionamento. A teoria científica
resulta das observações e dos experimentos, de modo que a experiência não tem
simplesmente o papel de verificar e confirmar conceitos, mas tem a função de
produzi-los. Eis por que, nesta concepção, sempre houve grande cuidado para
estabelecer métodos experimentais rigorosos, pois deles dependia a formulação
da teoria e a definição da objetividade investigada.
Essas duas concepções de
cientificidade possuíam o mesmo pressuposto, embora o realizassem de maneiras
diferentes. Ambas consideravam que a teoria científica era uma explicação e uma
representação verdadeira da própria realidade, tal como esta é em si mesma. A
ciência era uma espécie de raio-X da realidade. A concepção racionalista era hipotético-dedutiva, isto é, definia o
objeto e suas leis e disso deduzia propriedades, efeitos posteriores,
previsões. A concepção empirista era hipotético-indutiva,
isto é, apresentava suposições sobre o objeto, realizava observações e
experimentos e chegava à definição dos fatos, às suas leis, suas propriedades,
seus efeitos posteriores e previsões.
A concepção construtivista –
iniciada no século passado – considera a ciência uma construção de modelos
explicativos para a realidade e não uma representação da própria realidade. O
cientista combina dois procedimentos – um, vindo do racionalismo, e outro,
vindo do empirismo – e a eles acrescenta um terceiro, vindo da idéia de
conhecimento aproximativo e corrigível.
Como o racionalista, o cientista
construtivista exige que o método lhe permita e lhe garanta estabelecer
axiomas, postulados, definições e deduções sobre o objeto científico. Como o
empirista, o construtivista exige que a experimentação guie e modifique
axiomas, postulados, definições e demonstrações. No entanto, porque considera o
objeto uma construção lógico-intelectual e uma construção experimental feita em
laboratório, o cientista não espera que seu trabalho apresente a realidade em
si mesma, mas ofereça estruturas e modelos de funcionamento da realidade,
explicando os fenômenos observados. Não espera, portanto, apresentar uma
verdade absoluta e sim uma verdade aproximada que pode ser corrigida,
modificada, abandonada por outra mais adequada aos fenômenos. São três as
exigências de seu ideal de cientificidade:
1. que haja coerência (isto é, que
não haja contradições) entre os princípios que orientam a teoria;
2. que os modelos dos objetos (ou
estruturas dos fenômenos) sejam construídos com base na observação e na
experimentação;
3. que os resultados obtidos
possam não só alterar os modelos construídos, mas também alterar os próprios
princípios da teoria, corrigindo-a.
O ideal científico e a razão instrumental
O ideal científico
O percurso que fizemos no estudo
das ciências evidencia a existência de um ideal
científico: embora continuidades e rupturas marquem os conhecimentos
científicos, a ciência é a confiança que a cultura ocidental deposita na razão
como capacidade para conhecer a realidade, mesmo que esta, afinal, tenha que
ser inteiramente construída pela própria atividade racional.
A lógica que rege o pensamento
científico contemporâneo está centrada na idéia de demonstração e prova, a
partir da definição ou construção do objeto do conhecimento por suas
propriedades e funções e da posição do sujeito do conhecimento, através das
operações de análise, síntese e interpretação. A ciência contemporânea
funda-se:
● na
distinção entre sujeito e objeto do conhecimento, que permite estabelecer a
idéia de objetividade, isto é, de independência dos fenômenos em relação ao
sujeito que conhece e age;
● na idéia
de método como um conjunto de regras, normas e procedimentos gerais, que servem
para definir ou construir o objeto e para o autocontrole do pensamento durante
a investigação e, após esta, para a confirmação ou falsificação dos resultados
obtidos. A idéia de método tem como pressuposto que o pensamento obedece
universalmente a certos princípios internos – identidade, não-contradição,
terceiro excluído, razão suficiente – dos quais dependem o conhecimento da
verdade e a exclusão do falso. A verdade pode ser compreendida seja como
correspondência necessária entre os conceitos e a realidade, seja como
coerência interna dos próprios conceitos;
● nas
operações de análise e síntese, isto é, de passagem do todo complexo às suas
partes constituintes ou de passagem das partes ao todo que as explica e
determina. O objeto científico é um fenômeno submetido à análise e à síntese,
que descrevem os fatos observados ou constroem a própria entidade objetiva como
um campo de relações internas necessárias, isto é, uma estrutura que pode ser
conhecida em seus elementos, suas propriedades, suas funções e seus modos de
permanência ou de transformação;
● na idéia
de lei do fenômeno, isto é, de regularidades e constâncias universais e
necessárias, que definem o modo de ser e de comportar-se do objeto, seja este
tomado como um campo separado dos demais, seja tomado em suas relações com
outros objetos ou campos de realidade. A lei científica define o que é o
fato-fenômeno ou o objeto construído pelas operações científicas. Em outras
palavras, a lei científica diz como o objeto se constitui, como se comporta,
por que e como permanece, por que e como se transforma, sobre quais fenômenos
atua e de quais sofre ação. A lei define o objeto segundo um sistema complexo
de relações necessárias de causalidade, complementaridade, inclusão e exclusão.
A idéia de lei visa a marcar o caráter necessário do objeto e a afastar as
idéias de acaso, contingência, indeterminação, oferecendo o objeto como
completamente determinado pelo pensamento ou completamente conhecido ou
cognoscível;
● no uso
de instrumentos tecnológicos e não simplesmente técnicos. Os instrumentos
técnicos são prolongamentos de capacidades do corpo humano e destinam-se a
aumentá-las na relação do nosso corpo com o mundo. Os instrumentos tecnológicos
são ciência cristalizada em objetos materiais, nada possuem em comum com as
capacidades e aptidões do corpo humano; visam a intervir nos fenômenos
estudados e mesmo a construir o próprio objeto científico; destinam-se a
dominar e transformar o mundo e não simplesmente a facilitar a relação do homem
com o mundo. A tecnologia confere à ciência precisão e controle dos resultados,
aplicação prática e interdisciplinaridade. O caso da biologia genética revela
como a tecnologia da física, da química e da cibernética determinaram uma
atividade interdisciplinar que resultou em descobertas e mudanças na biologia;
● na
criação de uma linguagem específica e própria, distante da linguagem cotidiana
e da linguagem literária. A ciência procura afastar os dados qualitativos e
perceptivo-emotivos dos objetos ou dos fenômenos, para guardar ou construir
apenas seus aspectos quantitativos e relacionais.
A
linguagem cotidiana e a literária são conotativas e polissêmicas, isto é, nelas
as palavras possuem múltiplos significados simultâneos, subentendidos,
ambigüidades e exprimem tanto o sujeito quanto as coisas, ou seja, exprimem as
relações vividas entre o sujeito e o mundo qualitativo de sons, cores, formas,
odores, valores, sentimentos, etc.
Nas
ciências, porém, sons e cores são explicados como variação no comprimento das
ondas sonoras e luminosas, observadas e medidas no laboratório. Valores e
sentimentos são explicados pelas análises do corpo vivido e da consciência,
feitas pela psicologia; pelas análises da estrutura e organização da sociedade,
feitas pela sociologia e pela antropologia.
A
linguagem científica destaca o objeto das relações com o sujeito, separa-o da
experiência vivida cotidiana e constrói uma linguagem puramente denotativa para
exprimir sem ambigüidades as leis do objeto. O simbolismo científico rompe com
o simbolismo da linguagem cotidiana construindo uma linguagem própria, com
símbolos unívocos e denotativos, de significado único e universal. A ciência
constrói o algoritmo e fala através dos algoritmos ou de uma combinatória de
estilo matemático.
Justamente
por serem estes os principais traços do ideal científico, podemos compreender
por que existem os problemas epistemológicos examinados nos capítulos
precedentes. Em outras palavras, o ideal de cientificidade impõe às idéias
critérios e finalidades que, quando impedidos de se concretizarem, forçam
rupturas e mudanças teóricas profundas, fazendo desaparecer campos e
disciplinas científicos ou levando ao surgimento de objetos, métodos,
disciplinas e campos de investigação novos.
Ciência desinteressada e utilitarismo
Desde a
Renascença – isto é, desde o humanismo, que colocava o homem no centro do
Universo e afirmava seu poder para conhecer e dominar a realidade – duas
concepções sobre o valor da ciência estiveram sempre em confronto.
A primeira
delas, que chamaremos de ideal do conhecimento desinteressado, afirma que o
valor de uma ciência encontra-se na qualidade, no rigor e na exatidão, na
coerência e na verdade de uma teoria, independentemente de sua aplicação
prática. A teoria científica vale por trazer conhecimentos novos sobre fatos
desconhecidos, por ampliar o saber humano sobre a realidade e não por ser
aplicável praticamente. Em outras palavras, é por ser verdadeira que a ciência
pode ser aplicada na prática, mas o uso da ciência é conseqüência e não causa
do conhecimento científico.
A segunda
concepção, conhecida como utilitarismo, ao contrário, afirma que o valor de uma
ciência encontra-se na quantidade de aplicações práticas que possa permitir. É
o uso ou a utilidade imediata dos conhecimentos que prova a verdade de uma
teoria científica e lhe confere valor. Os conhecimentos são procurados para
resolver problemas práticos e estes determinam não só o aparecimento de uma
ciência, mas também suas transformações no decorrer do tempo.
As duas
concepções são verdadeiras, mas parciais. Se uma teoria científica fosse
elaborada apenas por suas finalidades práticas imediatas, inúmeras pesquisas
jamais teriam sido feitas e inúmeros fenômenos jamais teriam sido conhecidos,
pois, com freqüência, os conhecimentos teóricos estão mais avançados do que as
capacidades técnicas de uma época e, em geral, sua aplicação só é percebida e
só é possível muito tempo depois de haver sido elaborada.
No
entanto, se uma teoria científica não for capaz de suscitar aplicações, se não
for capaz de permitir o surgimento de objetos técnicos e tecnológicos,
instrumentos, utensílios, máquinas, medicamentos, de resolver problemas
importantes para os seres humanos, então seremos obrigados a dizer que a
técnica e a tecnologia são cegas, incertas, arriscadas e perigosas, porque são
práticas sem bases teóricas seguras. Na realidade, teoria e prática científicas
estão relacionadas na concepção moderna e contemporânea de ciência, mesmo que
uma possa estar mais avançada do que a outra.
A
distinção e a relação entre ciência pura e ciência aplicada pode solucionar o
impasse ou o confronto entre as duas concepções sobre o valor das teorias
científicas, garantindo, por um lado, que uma teoria possa e deva ser elaborada
sem a preocupação com fins práticos imediatos, embora possa, mais tarde, contribuir
para eles; e, por outro lado, garantindo o caráter científico de teorias
construídas diretamente com finalidades práticas, as quais podem, por sua vez,
suscitar investigações puramente teóricas.
Pode-se
dizer que são problemas e dificuldades técnicas e práticas que suscitam o
desenvolvimento de conhecimentos teóricos. Sabemos, por exemplo, que o químico
Lavoisier decidiu estudar o fenômeno da combustão para resolver problemas
econômicos da cidade de Paris, que Galileu e Torricelli investigaram o movimento
dos corpos no vácuo para resolver problemas de carregamento de grandes pesos
nos portos e para responder a uma pergunta dos construtores de fontes dos
jardins da cidade de Florença.
No
entanto, o que sempre se verifica é que a explicação científica e a teoria
acabam conhecendo muito mais fatos e relações do que o que era necessário para
solucionar o problema prático, de tal modo que as pesquisas teóricas vão
avançando já sem a preocupação prática, embora comecem a surgir e a suscitar,
tempos depois, soluções práticas para problemas novos. Assim, por exemplo,
passou-se muito tempo até que a teoria eletromagnética de Hertz levasse às
técnicas de radiodifusão.
A ideologia cientificista
O senso
comum, ignorando as complexas relações entre as teorias científicas e as
técnicas, entre ciência pura e ciência aplicada, entre teoria e prática e entre
verdade e utilidade, tende a identificar as ciências com os resultados de suas
aplicações. Essa identificação desemboca numa atitude conhecida como cientificismo, isto é, fusão entre ciência e técnica e a ilusão da neutralidade científica.
Examinemos
brevemente cada um desses aspectos que constituem a ideologia da ciência na
sociedade contemporânea.
O cientificismo
O
cientificismo é a crença infundada de que a ciência pode e deve conhecer tudo,
que, de fato, conhece tudo e é a explicação causal das leis da realidade tal
como esta é em si mesma.
Ao
contrário dos cientistas, que não cessam de enfrentar obstáculos
epistemológicos, problemas e enigmas, o senso comum cientificista desemboca
numa ideologia e numa mitologia da ciência.
Ideologia da ciência: crença no progresso e na evolução dos conhecimentos
que, um dia, explicarão totalmente a realidade e permitirão manipulá-la
tecnicamente, sem limites para a ação humana.
Mitologia da ciência: crença na ciência como se fosse magia e poderio
ilimitado sobre as coisas e os homens, dando-lhe o lugar que muitos costumam
dar às religiões, isto é, um conjunto doutrinário de verdades intemporais,
absolutas e inquestionáveis.
A ideologia
e a mitologia cientificistas encaram a ciência não pelo prisma do trabalho do
conhecimento, mas pelo prisma dos resultados (apresentados como espetaculares e
miraculosos) e sobretudo como uma forma de poder social e de controle do
pensamento humano. Por este motivo, aceitam a ideologia da competência, isto é, a idéia de que há, na sociedade,
os que sabem e os que não sabem, que os primeiros são competentes e têm o
direito de mandar e de exercer poderes, enquanto os demais são incompetentes,
devendo obedecer e ser mandados. Em resumo, a sociedade deve ser dirigida e
comandada pelos que “sabem” e os demais devem executar as tarefas que lhes são
ordenadas.
A ilusão da neutralidade da ciência
Como a
ciência se caracteriza pela separação e pela distinção entre o sujeito do
conhecimento e o objeto; como a ciência se caracteriza por retirar dos objetos
do conhecimento os elementos subjetivos; como os procedimentos científicos de
observação, experimentação e interpretação procuram alcançar o objeto real ou o
objeto construído como modelo aproximado do real; e, enfim, como os resultados
obtidos por uma ciência não dependem da boa ou má vontade do cientista nem de
suas paixões, estamos convencidos de que a ciência é neutra ou imparcial. Diz à
razão o que as coisas são em si mesmas. Desinteressadamente.
Essa
imagem da neutralidade científica é ilusória.
Quando o
cientista escolhe uma certa definição de seu objeto, decide usar um determinado
método e espera obter certos resultados, sua atividade não é neutra nem imparcial,
mas feita por escolhas precisas. Vamos tomar três exemplos que nos ajudarão a
esclarecer este ponto.
O racismo
não é apenas uma ideologia social e política. É também uma teoria que se
pretende científica, apoiada em observações, dados e leis conseguidas com a
biologia, a psicologia, a sociologia. É uma certa maneira de construir tais
dados, de sorte a transformar diferenças étnicas e culturais em diferenças
biológicas naturais imutáveis e separar os seres humanos em superiores e
inferiores, dando aos primeiros justificativas para explorar, dominar e mesmo
exterminar os segundos.
Por que
Copérnico teve que esconder os resultados de suas pesquisas e Galileu foi
forçado a comparecer perante a Inquisição e negar que a Terra se movia ao redor
do Sol? Porque a concepção astronômica geocêntrica (elaborada, na Antiguidade,
por Ptolomeu e Aristóteles) permitia que a Igreja Romana mantivesse a idéia de
que a realidade é constituída por uma hierarquia de seres, que vão dos mais
perfeitos – os celestes – aos mais imperfeitos – os infernais – e que essa
hierarquia colocava a Igreja acima dos imperadores, estes acima dos barões e
estes acima dos camponeses e servos.
Se a
astronomia demonstrasse que a Terra não é o centro do Universo e que o Sol não
é apenas uma perfeição imóvel, e se a mecânica galileana demonstrasse que todos
os seres estão submetidos às mesmas leis do movimento, então as hierarquias
celestes, naturais e humanas, perderiam legitimidade e fundamento, não
precisando ser respeitadas. A física e a astronomia pré-copernicanas
(elaboradas por Ptolomeu e Aristóteles) serviam – independentemente da vontade
de Ptolomeu e de Aristóteles, é verdade – a uma sociedade e a uma concepção do
poder que se viram ameaçadas por uma nova concepção científica.
Um último
exemplo pode ser dado através da antropologia. Durante muito tempo, os
antropólogos afirmaram que havia duas formas de pensamento cientificamente
observáveis e com leis diferentes: o pensamento lógico-racional dos civilizados
(europeus brancos adultos) e o pensamento pré-lógico e pré-racional dos
selvagens ou primitivos (africanos, índios, tribos australianas). O primeiro
era considerado superior, verdadeiro e evoluído; o segundo, inferior, falso,
supersticioso e atrasado, cabendo aos brancos europeus “auxiliar” os selvagens
“primitivos” a abandonar sua cultura e adquirir a cultura “evoluída” dos
colonizadores.
O melhor
caminho para perceber a impossibilidade de uma ciência neutra é levar em
consideração o modo como a pesquisa científica se realiza em nosso tempo.
Durante
séculos, os cientistas trabalharam individualmente (mesmo que possuíssem
auxiliares e discípulos) em seus pequenos laboratórios. Suas pesquisas eram
custeadas ou por eles mesmos ou por reis, nobres e burgueses ricos, que
desejavam a glória de patrocinar descobertas e as vantagens práticas que delas
poderiam advir. Por sua vez, o senso comum social olhava o cientista como inventor e gênio.
Hoje, os
cientistas trabalham coletivamente, em equipes, nos grandes laboratórios
universitários, nos dos institutos de pesquisa e nos das grandes empresas
transnacionais que participam de um sistema conhecido como complexo
industrial-militar. As pesquisas são financiadas pelo Estado (nas universidades
e institutos), pelas empresas privadas (em seus laboratórios) e por ambos (nos
centros de investigação do complexo industrial-militar). São pesquisas que
exigem altos investimentos econômicos e das quais se esperam resultados que a
opinião pública nem sempre conhece. Além disso, os cientistas de uma mesma área
de investigação competem por recursos, tendem a fazer segredo de suas
descobertas, pois dependem delas para conseguir fundos e vencer a competição
com outros.
Sabemos,
hoje, que a maioria dos resultados científicos que usamos em nossa vida
cotidiana – máquinas, remédios, fertilizantes, produtos de limpeza e de
higiene, materiais sintéticos, computadores – tiveram como origem investigações
militares e estratégicas, competições econômicas entre grandes empresas
transnacionais e competições políticas entre grandes Estados. Muito do que
usamos em nosso cotidiano provém de pesquisas nucleares, bacteriológicas e
espaciais.
O senso
comum social, agora, vê o cientista como engenheiro
e mago, em roupas brancas no interior de grandes laboratórios repletos de
objetos incompreensíveis, rodeado de outros cientistas, fazendo cálculos
misteriosos diante de dezenas de computadores.
Tanto na
visão anterior – o cientista como inventor e gênio solitário – quanto na atual
– o cientista como membro de uma equipe de engenheiros e magos -, o senso comum
vê a ciência desligada do contexto das condições de sua realização e de suas
finalidades. Eis porque tende a acreditar na neutralidade científica, na idéia
de que o único compromisso da ciência é o conhecimento verdadeiro e desinteressado
e a solução correta de nossos problemas.
A
ideologia cientificista usa essa imagem idealizada para consolidar a da
neutralidade científica, dissimulando, com isso, a origem e a finalidade da
maioria das pesquisas, destinadas a controlar a Natureza e a sociedade segundo
os interesses dos grupos que controlam os financiamentos dos laboratórios.
A razão instrumental
Por que há uma ideologia e uma
mitologia da ciência?
Quando estudamos a teoria do
conhecimento, examinamos a noção de ideologia como lógica social imaginária de
ocultamento da realidade histórica. Ao estudarmos o nascimento da Filosofia,
examinamos a diferença entre mythos e
logos, isto é, entre a explicação
antropomórfica e mágica do mundo e a explicação racional. Quando estudamos a
razão, vimos que alguns filósofos alemães, reunidos na Escola de Frankfurt,
descreveram a racionalidade ocidental como instrumentalização da razão. Se
reunirmos esses vários estudos que fizemos até aqui, poderemos responder à
pergunta sobre a ideologização e a mitologização da ciência.
A razão instrumental – que os
frankfurtianos, como Adorno, Marcuse e Horkheimer também designaram com a
expressão razão iluminista – nasce
quando o sujeito do conhecimento toma a decisão de que conhecer é dominar e controlar a Natureza e os seres humanos. Assim, por exemplo, o
filósofo Francis Bacon, no início do século XVII, criou uma expressão para
referir-se ao objeto do conhecimento científico: “a Natureza atormentada”.
Atormentar a Natureza é fazê-la
reagir a condições artificiais, criadas pelo homem. O laboratório científico é
a maneira paradigmática de efetuar esse tormento, pois, nele, plantas, animais,
metais, líquidos, gases, etc. são submetidos a condições de investigação
totalmente diversas das naturais, de maneira a fazer com que a experimentação
supere a experiência, descobrindo formas, causas, efeitos que não poderiam ser
conhecidos se contássemos apenas com a atividade espontânea da Natureza.
Atormentar a Natureza é conhecer seus segredos para dominá-la e transformá-la.
O tormento da realidade aumenta
com a ciência contemporânea, uma vez que esta não se contenta em conhecer as
coisas e os seres humanos, mas os constrói artificialmente e aplica os
resultados dessa construção ao mundo físico, biológico e humano (psíquico,
social, político, histórico). Assim, por exemplo, a organização do processo de
trabalho nas indústrias apresenta-se como científica porque é baseada em
conceitos da psicologia, da sociologia, da economia, que permitem dominar e
controlar o trabalho humano sob todos os aspectos (controle sobre o corpo e o
espírito dos trabalhadores), a fim de que a produtividade seja a maior possível
para render lucros ao capital.
Na medida em que a razão se torna
instrumental, a ciência vai deixando de ser uma forma de acesso aos
conhecimentos verdadeiros para tornar-se um instrumento de dominação, poder e
exploração. Para que não seja percebida como tal, passa a ser sustentada pela
ideologia cientificista, que, através da escola e dos meios de comunicação de
massa, desemboca na mitologia cientificista.
Todavia, devemos distinguir entre
o momento da investigação científica propriamente dita e o da ideologização-mitologização
de uma ciência. Um exemplo poderá auxiliar-nos a perceber essa diferença.
Quando Darwin elabora a teoria biológica da evolução das espécies, o modelo de
explicação usado por ele permitia-lhe supor que o processo evolutivo ocorria
por seleção natural dos mais aptos à sobrevivência.
Ora, na mesma época, a sociedade
capitalista estava convencida de que o progresso social e histórico provinha da
competição e da concorrência dos indivíduos, segundo a lei econômica da oferta
e da procura. Um filósofo, Spencer, aplicou, então, a teoria darwiniana à
sociedade: nesta, os mais “aptos” (isto é, os mais capazes de competir e
concorrer) tornam-se naturalmente
superiores aos outros, vencendo-os em riqueza, privilégios e poder.
Ao transpor uma teoria biológica para
uma explicação filosófica sobre a essência da sociedade, Spencer transformou a
teoria científica da evolução em ideologia evolucionista. Por quê? Em
primeiro lugar, porque generalizou para toda a realidade resultados obtidos num
campo particular de conhecimentos específicos. Em segundo lugar, porque tomou
conceitos referentes a fatos naturais e os converteu em fatos sociais, como se
não houvesse diferença entre Natureza e sociedade. Uma vez criada a ideologia
evolucionista, o evolucionismo tornou-se teoria da História e, a seguir,
mitologia científica do progresso humano.
A noção de razão instrumental nos
permite compreender:
● a
transformação de uma ciência em ideologia e mito social, isto é, em senso comum
cientificista;
● que a
ideologia da ciência não se reduz à transformação de uma teoria científica em
ideologia, mas encontra-se na própria ciência, quando esta é concebida como
instrumento de dominação, controle e poder sobre a Natureza e a sociedade;
● que as
idéias de progresso técnico e neutralidade científica pertencem ao campo da
ideologia cientificista.
Confusão entre ciência e técnica
Ciência ou tecnologia?
Vimos que
a ciência moderna e contemporânea transforma a técnica em tecnologia, isto é,
passa da máquina-utensílio à máquina como instrumento de precisão, que permite
conhecimentos mais exatos e novos conhecimentos.
Essa
transformação traz duas conseqüências principais: a primeira se refere ao
conhecimento científico e a segunda, ao estatuto dos objetos técnicos:
1. o
conhecimento científico é concebido como lógica
da invenção (para a solução de problemas teóricos e práticos) e como lógica da construção (de objetos
teóricos), graças à possibilidade de estudar os fenômenos sem depender apenas
dos recursos de nossa percepção e de nossa inteligência. É assim que, por
exemplo, Galileu se refere ao telescópio como um instrumento cuja função não é
a de simplesmente aproximar objetos distantes, mas de corrigir as distorções de
nossos olhos e garantir-nos a imagem correta das coisas. O mesmo foi dito sobre
o microscópio, sobre a balança de precisão, sobre o cronômetro.
Em nosso
tempo, os instrumentos técnico-tecnológicos vão além da correção de nossa
percepção, pois corrigem falhas de nosso pensamento, uma vez que são
inteligências artificiais (o computador foi chamado de “cérebro eletrônico”)
mais acuradas do que nossa inteligência individual. Evidentemente, são
conhecimentos científicos que permitem a construção desses instrumentos, mas
dando-lhes capacidades que cada um de nós, enquanto indivíduo, não possui. Ora,
os objetos técnico-tecnológicos ampliam a idéia da ciência como invenção e
construção dos próprios fenômenos;
2. os
objetos técnicos são criados pela ciência como instrumentos de auxílio ao
trabalho humano, máquinas para dominar a Natureza e a sociedade, instrumentos
de precisão para o conhecimento científico e, sobretudo, em sua forma
contemporânea, como autômatos. Estes são o objeto técnico-tecnológico por
excelência, porque possuem as seguintes características, marcas do novo
estatuto desse objeto:
● são
conhecimento científico objetivado, isto é, depositado e concretizado num
objeto. São resultado e corporificação de conhecimentos científicos;
● são
objetos que possuem em si mesmos o princípio de sua regulação, manutenção e
transformação. As máquinas antigas dependiam de forças externas para realizar
suas funções (alavancas, polias, manivelas, força muscular de seres humanos ou
de animais, força hidráulica, etc.). As máquinas modernas são autômatos porque,
dado o impulso eletro-eletrônico inicial, realizam por si mesmas todas as
operações para as quais foram programadas, incluindo a correção de sua própria
ação, a realimentação de energia, a transformação. São auto-reguladas e
autoconservadas, porque possuem em si mesmas as informações necessárias ao seu
funcionamento;
● como
conseqüência, não são propriamente um objeto singular ou individual, mas um sistema de objetos interligados por
comandos recíprocos;
● são
sistemas que, uma vez programados, realizam operações teóricas complexas, que
modificam o conteúdo dos próprios conhecimentos científicos, isto é, os objetos
técnico-tecnológicos fazem parte do trabalho teórico.
Ora, o
senso comum social ignora essas transformações da ciência e da técnica e
conhece apenas seus resultados mais imediatos: os objetos que podem ser usados
por nós (máquina de lavar, videogame,
televisão a cabo, máquina de calcular, computador, robô industrial, etc.).
Como, para
usá-los, precisamos receber um conjunto de informações detalhadas e
sofisticadas, tendemos a identificar o conhecimento científico com seus efeitos
tecnológicos. Com isso, deixamos de perceber o essencial, isto é, que as
ciências passaram a fazer parte das forças econômicas produtivas da sociedade e
trouxeram mudanças sociais de grande porte na divisão social do trabalho, na
produção e na distribuição dos objetos, na forma de consumi-los. Não percebemos
que as pesquisas científicas são financiadas por empresas e governos,
demandando grandes somas de recursos que retornam, graças aos resultados obtidos,
na forma de lucro e poder para os agentes financiadores.
Por não
percebermos o poderio econômico das ciências, lutamos para ter acesso, para
possuir e consumir os objetos tecnológicos, mas não lutamos pelo direito de
acesso tanto aos conhecimentos como às pesquisas científicas, nem lutamos pelo
direito de decidir seu modo de inserção na vida econômica e política de uma
sociedade.
Eis
porque, entre outros efeitos de nossa confusão entre ciência e tecnologia,
aceitamos, no Brasil, políticas educacionais que profissionalizam os jovens no
segundo grau – portanto, antes que tenham podido ter acesso às ciências
propriamente ditas – e que destinam poucos recursos públicos às áreas de
pesquisa nas universidades – portanto, mantendo os cientistas na mera condição
de reprodutores de ciências produzidas em outros países e sociedades.
O problema do uso das ciências
Além do
problema anterior, isto é, de teorias científicas serem formuladas a partir de
certas decisões e escolhas do cientista ou do laboratório onde trabalham os
cientistas, com conseqüências sérias para os seres humanos, um outro problema
também é trazido pelas ciências: o de seu uso.
Vimos que
uma teoria científica pode nascer para dar resposta a um problema prático ou
técnico. Vimos também que a investigação científica pode ir avançando para
descobertas de fenômenos e relações que já não possuem relação direta com os
problemas práticos iniciais e, como conseqüência, é freqüente uma teoria estar
muito mais avançada do que as técnicas e tecnologias que poderão aplicá-la.
Muitas vezes, aliás, o cientista sequer imagina que a teoria terá aplicação
prática.
É
exatamente isso que torna o uso da ciência algo delicado, que, em geral, escapa
das mãos dos próprios pesquisadores. É assim, por exemplo, que a microfísica ou
física quântica desemboca na fabricação das armas nucleares; a bioquímica e a
genética, na de armas bacteriológicas. Teorias sobre a luz e o som permitem a
construção de satélites artificiais, que, se são conectáveis instantaneamente
em todo o globo terrestre para a comunicação e informação, também são
responsáveis por espionagem militar e por guerras com armas teleguiadas.
Uma das
características mais novas da ciência está em que as pesquisas científicas
passaram a fazer parte das forças produtivas da sociedade, isto é, da economia.
A automação, a informatização, a telecomunicação determinam formas de poder
econômico, modos de organizar o trabalho industrial e os serviços, criam
profissões e ocupações novas, destroem profissões e ocupações antigas,
introduzem a velocidade na produção de mercadorias e em sua distribuição e
consumo, modificando padrões industriais, comerciais e estilos de vida. A
ciência tornou-se parte integrante e indispensável da atividade econômica.
Tornou-se agente econômico e político.
Além de
fazer parte essencial da atividade econômica, a ciência também passou a fazer
parte do poder político. Não é por acaso, por exemplo, que governos criem
ministérios e secretarias de ciência e tecnologia e que destinem verbas para
financiar pesquisas civis e militares. Do mesmo modo que as grandes empresas
financiam pesquisas e até criam centros e laboratórios de investigação
científica, assim também os governos determinam quais as ciências que irão ser
desenvolvidas e, nelas, quais as pesquisas que serão financiadas.
Essa nova
posição das ciências na sociedade contemporânea, além de indicar que é mínimo
ou quase inexistente o grau de neutralidade e de liberdade dos cientistas,
indica também que o uso das ciências
define os recursos financeiros que nelas serão investidos.
A
sociedade, porém, não luta pelo direito de interferir nas decisões de empresas
e governos quando estes decidem financiar um tipo de pesquisa em vez de outra.
Dessa maneira, o campo científico torna-se cada vez mais distante da sociedade
sem que esta encontre meios para orientar o uso das ciências, pois este é
definido antes do início das
próprias pesquisas e fora do
controle que a sociedade poderia exercer sobre ele.
Um exemplo
de luta social para intervir nas decisões sobre as pesquisas e seus usos
encontra-se nos movimentos ecológicos e em muitos movimentos sociais ligados a
reivindicações de direitos. De um modo geral, porém, a ideologia cientificista
tende a ser muito mais forte do que eles e a limitar os resultados que desejariam
obter.
Bibliografia:
CHAUI, Marilena. Convite à
Filosofia: As Ciências – São Paulo: Ática, 1999
Texto
II:
O MITO DA CAVERNA
Marilena Chaui
No livro VII da República, Platão narra o Mito da Caverna,
alegoria da teoria do conhecimento e da paidéia platônicas.
Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um alto muro,
cuja entrada permite a passagem da luz exterior. Desde seu nascimento, geração
após geração, seres humanos ali vivem acorrentados, sem poder mover a cabeça
para a entrada, nem locomover-se, forçados a olhar apenas a parede do fundo, e
sem nunca terem visto o mundo exterior nem a luz do Sol. Acima do muro, uma
réstia de luz exterior ilumina o espaço habitado pelos prisioneiros, fazendo
com que as coisas que se passam no mundo exterior sejam projetadas como sombras
nas paredes do fundo da caverna. Por trás do muro, pessoas passam conversando e
carregando nos ombros figuras de homens, mulheres, animais cujas sombras são
projetadas na parede da caverna. Os prisioneiros julgam que essas sombras são
as próprias coisas externas, e que os artefatos projetados são os seres vivos
que se movem e falam. Um dos prisioneiros, tomado pela curiosidade, decide
fugir da caverna.
Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões e escala o
muro. Sai da caverna, no primeiro instante, fica totalmente cego pela
luminosisdade do Sol, coma qual seus olhos não estão acostumados; pouco a
pouco, habitua-se à luz e começa ver o mundo. Encanta-se, deslumbra-se, tem a
felicidade de, finalmente, ver as próprias coisas, descobrindo que, em sua
prisão, vira apenas sombras. Deseja ficar longe da caverna e só voltará a ela
se for obrigado, para contar o que viu e libertar os demais. Assim como a
subida foi penosa, porque o caminho era íngreme e a luz ofuscante, também o
retorno será penoso, pois será preciso habituar-se novamente às trevas, o que é
muito mais difícil do que habituar-se à luz. De volta á caverna, o prisioneiro
será desajeitado, não saberá mover-se nem falar de modo compreensível para os
outros, não será acreditado por eles e correrá o risco de ser morto pelos que
jamais abandonaram a caverna.
A caverna, diz Platão, é o mundo sensível onde vivemos. A réstia
de luz que projeta as sombras na parede é um reflexo da luz verdadeira (as
idéias) sobre o mundo sensível. Somos os prisioneiros. As sombras são as coisas
sensíveis que tomamos pelas verdadeiras. Os grilhões são nossos preconceitos,
nossa confiança em nossos sentidos e opiniões. O instrumento que quebra os
grilhões e faz a escalado do muro é a dialética. O prisioneiro curioso que
escapa é o filósofo. A luz que ele vê é a luz plena do Ser, isto é, o Bem, que
ilumina o mundo inteligível como o Sol ilumina o mundo sensível. O retorno à
caverna é o diálogo filosófico. Os anos despendidos na criação do instrumento
para sair da caverna são o esforço da alma, descrito na Carta Sétima, para
produzir a "faísca" do conhecimento verdadeiro pela
"fricção" dos modos de conhecimento. Conhecer é um ato de libertação
e de iluminação...
Questões:
1. Dê exemplos
de noções e preconceitos do senso comum que foram desmentidos pelas ciências.
2. Escolha cinco
características do senso comum e explique como operam.
3. O que
diferencia o senso comum da atitude científica?
4. Escolha cinco
características as atitude científica e explique como operam.
5. Quais as
principais concepções de ciências?
6. Descreva os
principais elementos do ideal científico.
7. O que é a
idéia de ciência desinteressada?
8. O que é
utilitarismo?
9. Explique o
que é o cientificismo?
10. O que é razão
instrumental?
11. Quais as diferenças
entre ciência e tecnologia? Quais os efeitos sociais as confusão entre essas
duas áreas do conhecimento?
12. É possível
falarmos em neutralidade científica? Por quê?
13. Explique o
que é uma teoria científica.
14. Qual relação
entre o texto I, “As Ciências” de
Marilena Chaui, e o texto II, “O mito da
Caverna” de Platão?
Roteiro:
a. Responda as
questões em folha A4;
b. Exercício
individual;
c. Manuscritos;
d. Data da
entrega: 16/01/2012.
e. Entregar em
mãos ou da pessoa autorizada no Estadual Central, na data marcada
acima.
f. Avaliação
será baseada nestes textos apenas, mas não implica que os textos anteriores,
estudados durante o ano, não auxiliarão no melhor desempenho da prova.
Prezados alunos e prezadas alunas, seguem os textos que serão utilizados como fonte de conhecimento e avaliações.
ResponderExcluirSerem querer ser sarcástico, aproveitem o recesso escolar para descansar e estudar.
E utilizem este espaço para tirar dúvidas e buscar mais informações, se necessário.
Grato,
professor, vc ja fechou as notas do terceiro bimestre? quanto o numero 17 da turma 108 tirou? larissa
ResponderExcluirnota10 to achando viu ....
ResponderExcluirTexto que tem o questionário para ser respondido, As ciências.
ResponderExcluirok
ResponderExcluirProfessor queria saber como tá a minha situação ja que fiquei uma semana de atestado. obrigada. kessy
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirProfessor sou aluna da 110 noite, gostaria de confirmar se esse texto com 14 questões As ciências, e a data e pra entregar todos os aluno dia 16/01/2012.Obrigada.
ResponderExcluirIsso mesmo Elaine. Bom trabalho!
ResponderExcluirvaleu professor
ResponderExcluirass: jhmsvp.blogspot.com
jonathan da 107
É pra entregar dia 16/01?
ResponderExcluirA entrega do trabalho pode ser feita até o dia 16/01, mas se VOCÊ tem pressa de saber sua nota. Entregue antes e minha preferência é que seja junto com sua avaliação bimestral.
ResponderExcluirsacanagem
ResponderExcluirProfessor, o trabalho pode ser digitado? Você pode me informar quantos pontos eu tenho até agora? Meu nome é Camila, nº 11 da 104-T.
ResponderExcluirCaríssimos alunos e alunas,
ResponderExcluirSei que vocês estão diante de um ano letivos que extrapolou a normalidade.
Compreendo também que estamos utilizando um recurso tecnológico que é diferente em nosso meio escolar, a internet. Mas fiquem sabendo que este recurso não é novo, e também, sua eficácia já fora comprovada. Entretanto, para seu bom funcionamento é necessário disciplina e honestidade.
Um conselho, mesmo com revolta, cansaço, etc, faça o exercício e estude para sua avaliação, pois, este recurso tem com objetivo levar ao conhecimento e qualifica-lo como APROVADO.
Caro professor e possivel assimilar ou faser uma alusão do mito das cavernas de platao com a media e os sistemas de comunicação em massa.Falando sobre o controle que a media exerce sobre as pessoas, enfluenciando-as em tudo seus gostos e opiniões ..etc esse site explica um pouco sobre o que eu estou falando.
ResponderExcluirhttp://www.espada.eti.br/midia.asp
Perfeitamente, Lucas é uma analogia correta, ontem começou um exemplo clássico, o BBB, temos outras analogias entre mídias e o mito da caverna, inclusive, tem uma que gosto muito de utilizar em sala de aula, o filme Matrix (o primeiro).
ResponderExcluirEm relação ao trabalho, ele é obrigatoriamente manuscrito e questões particulares tratamos em sala de aula, como: ponto, freqüência, justiça, etc.
ResponderExcluirquinta feira vc vai tar no colegio paara min entregar o trabalho?
ResponderExcluirQuinta-feira chego no Colégio +- 18:00 h. Fizeram boa avaliação?
ResponderExcluire sexta feira vc vai tar? ai eu entrego e vc ja me diz a minha nota? =D ja fiz sim a avaliaçao nao fui muito bem.
ResponderExcluirSexta-feira 13 (13:00 as 17:30). Sorry!
ResponderExcluirquando entregar o trabalho, você já vai dar a nota na mesma hora?
ResponderExcluirEsse trabalho é para entregar amanha( Sexta feira) ou dia 16..??
ResponderExcluirA data é até o dia 16/01.
ResponderExcluirValeu... Professor, aqui é o ferrugem hehe, é só pra voce saber mesmo...
ResponderExcluirprofessor vc vai postar as notas no blog?
ResponderExcluirou eu vo ter ki ir segunda pra ver se eu passei?
Postarei as notas no blog, assim que acabar de avaliar.
ResponderExcluirSegunda-feira não é um dia letivo, então, favor entregar o trabalho na parte da tarde para o Braga (pergunte se o pessoal do xerox pode receber) e a noite procurar o Sergio (vice-diretor) ou o Wladmir (biblioteca).
Grato,
Prezado professor, você tem pelo menos uma previsão de quando irá acabar de avaliar as notas ? precisamos urgente de uma pocisão.
ResponderExcluirGrato
Oi professor aqui é a Alexandra da 107 noite , queria te perguntar urgente que dia o S.r vai entregar no Estadual Central os resultados finais por que eu estou dependendo disso para eu passar pra de manhã e eu vi na atualização do seu blog que eu passei então preciso desse favor seu o mais rápido possível !
ResponderExcluirobrigado pela atenção..
Alexandra, não tenho mais o que entregar no Colégio, todas as notas estão na secretária. Talvez não seja esse o problema, confira melhor essa informação.
ResponderExcluir